sábado, 26 de dezembro de 2009


Parece que existe a vida antes e depois. Antes de não saber o que é o amor e como é amar, e depois, depois de tentar descobrir o que é o amor e tentar aprender a amar. É uma novidade, boa, claro. Indispensável a todas as pessoas que têm coração. Não o órgão vital, mas, o símbolo de amor, e ódio também; esqueçamos esse último, desprezível aos amantes, risível. Os amantes riem à toa, falam besteira e não se importam, dão bom dia gratuitamente, para os seres vivos e os não vivos também, sabem admirar tudo, sabem admirar a natureza, o azul do céu, o dia nublado; admiram, também, as pessoas, merecedoras ou não. Fazem isso espontaneamente e nem cobram nada. Sentem coisas que, para algumas pessoas parecem inexistentes, incapazes de serem sentidas, como sentir um cheiro distante do seu olfato algumas dezenas de quilômetros, um cheiro que fica no inconsciente e só se manifesta nas demonstrações mais puras de amor. Poderiam existir dezenas, centenas, alguns cheiros apenas, mas, aquele guardado, e bem guardado, na sua mente, sempre estará ali, pronto para ser sentido; sentido pelos amantes, é óbvio, porque, para quem não ama, isso é loucura. Ah, os amantes costumam ser loucos também. Fazem coisas impensadas. Se arrependem, às vezes. A minoria das vezes. Conseguem achar bom a pior das coisas; ver beleza onde não existe. Eles também choram. Choram de saudade, de alegria. Também sentem raiva, se zangam, têm seus momentos de tensão. Mas tudo isso passa, a bondade é que fica.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009


Não me perguntem por que escrevi isso, ou por que citei certas coisas ou por que não citei algumas. Leiam, e parem quando acharem que devem.

Sou egoísta, chato, excêntrico, preconceituoso. Costumo não gostar de imediato das coisas, principalmente pessoas mas, se eu gosto, é porque realmente merece o meu carinho e minha atenção. Não gostar logo de algumas pessoas não significar que não venha a ter apreço, só vai depender de mim e dela. Sou egoísta, gosto de suco de maracujá e ouvir música. Costumava julgar livros pela capa, mas queimei a língua; hoje em dia, leio um pouco; descartar, ou não, é opção só minha. Amo ouvir música. Qual? Depende do estado de humor. Agora, estou num momento relaxado e ouvindo música calma, só pra mim, porque sou egoísta. Consigo controlar esse egoísmo que consome parte de mim, porque o mundo não gira ao meu redor. Já consigo me dividir com algumas pessoas, mas não deixei de ser egoísta. Penso nos outros, mas penso em mim. Peço que me desculpem caso eu não consiga dar a atenção merecida. Se eu não dissesse isso, talvez você nem percebesse, só que eu gosto de ser transparente, gosto que me enxerguem no que tenho de mais sujo. E no que tenho de mais limpo, porque não quero que me odeiem. Apenas exijo um pouco de respeito e tolerância, preciso do meu espaço. Gosto de ouvir música alta, principalmente quando estou muito triste ou muito feliz; música faz parte de mim. Sou metade música e metade...Adoro lasanha, chocolate, brigadeiro (feito por mim), suco de maracujá, música, livros, minha solidão necessária (algumas vezes), macarronada, batata frita, tapioca com leite de coco, canjica, comida das minhas avós, dar risada, estar com meus amigos, me divertir. Também gosto de ficar triste. Amo minha avó fofa, minha mãe e o meu livro do Chico Buarque. Amo, amor de homem e mulher, exclusivamente uma só mulher. Sou neurótico e, muitas vezes, odeio que me façam objeções. Gosto de coisas práticas, odeio complicações. Gosto do meu som, do meu fone do ouvido, da música que só eu escuto. Não gosto muito de política, mas adoro falar mal e de chamar de ladrões aqueles que roubam do povo, mesmo sem saber seus nomes. Penso em me filiar a algum partido político, mas me falta disposição. Sou preguiçoso. Costumo acordar cedo, por obrigação. Tomo vários remédios (hoje, bem menos do que há um tempo), não tenho a melhor das saúdes, mas não reclamo da que tenho. Me decepcionei com antigas amizades, mas agradeço por isso ter acontecido porque pude conhecer pessoas que me estimam com amigo e companheiro. Gosto de praia, mar, de sol e calor (não excessivos). Quero sair do Brasil, não definitivamente, mas quero. Conhecer novos lugares, mas voltar pro meu cantinho. Quero ter uma casa no campo, para os meus dias de estresse. Quero ter um cachorro dengoso pra deitar a cabeça no meu peito e dormir. Quero ter uma piscina pra nadar e relaxar. Quero uma biblioteca cheia de livros, novos ou usados, achados ou dados, comprados ou recebidos de presente. Quero ler ainda muita coisa. Sou um analfabeto no que diz respeito a livros. Quero ver um show do Chico Buarque e cantar João e Maria de mão dada com minha pequena. Quero dizer para muitas pessoas que gosto muito delas, e que não queria que elas sumissem da minha vida. Quero muitas coisas, algumas delas eu não lembro agora; algumas não posso dizer; algumas eu já consegui; achariam estranho algumas outras. Quero me casar na praia, descalço, sentindo a areia morna entrando por cada dedo e batendo nas minhas pernas. Não quero casar com padre, pastor, reverendo ou algo do tipo, não tenho religião, mas acredito em Deus, mesmo que muitas pessoas achem que eu não o faço. Não sei se quero ter filhos, eles dão trabalho e são caros. Quero aproveitar a vida, quero me aproveitar. Quero ter água pra beber no futuro. Quero um retorno ao passado, as pessoas eram bem mais saudáveis. Quero amar até o fim dos meus dias. Quero morrer olhando para o mar, e quero que minhas cinzas nele sejam depositadas, para que tomem rumos além do que um dia eu fui capaz de alcançar.

sábado, 12 de dezembro de 2009


Chovia bastante. Era uma noite alheia a todas as outras que ele já vivera. Mas não era bem diferente, tinha certeza que aquilo já acontecera antes. Acontecera em algum lugar que ele não conseguia lembrar, ou que não chegava à sua consciência. Uma rajada forte de vento e um clarão na janela. Sentado de onde estava, rabiscando alguns papéis, se assusta e borra o que estava escrevendo. Era algo mais ou menos assim: "Meu grande amor...". E ele borrou exatamente no amor. Por pura sorte, ou acaso, escrevia com um lápis furtado da bolsinha dela. Nunca usara aquele lápis pra nada, era como um presente intocável, guardado a sete chaves. Pôs a mão na borracha pra consertar o erro causado pelo susto. Era quase meia-noite. A borracha escorregou da sua mão e caiu no chão, estava muito suado. Olhou para o papel rabiscado e riu, resolveu deixar do jeito que estava, com todos os erros. Sim, porque agora que outro clarão o iluminou, percebeu que não havia sido apenas um borrão, mas vários. A chuva continuava, o suor também. Mas sua visão tava completamente embaçada, não era só suor, dois filetes de um líquido de sabor diferente escorreram pela sua face e pingaram em cima do amor borrado. O despertador tocou. Tava tarde e ele não podia ficar mais tempo acordado, mas ficou feliz. Feliz, ficou feliz. Por saber, naquele exato momento, que a vida tem disso, de embaralhar pensamentos e sentimentos e raivas e amores e paixões. Mas tudo continua ali, o amor estava rabiscado e borrado. Mas estava ali, vivo. Levou o dedo ao interruptor. Riu sozinho e lembrou que não havia luz acesa. Outro clarão do lado de fora. Mas ele continuava ali.

sábado, 7 de novembro de 2009


Queria ter o dom de sorrir sempre; de sempre estar alegre e pronto pra qualquer coisa. Queria realmente saber sempre o que dizer, sempre saber o que fazer, como fazer, com quem fazer, onde fazer. Queria não precisar de ajuda, porque, na verdade, queria sempre ser a ajuda. Queria conseguir alegrar meus amores, o meu amor, os meus amigos, os que amo e os que me amam; e os que eu não amo, mas que tenho um bem querer. Queria ser a pessoa sempre querida, a companhia ideal. Queria ter as melhores palavras, as melhores piadas e os melhores conselhos. Queria ter sempre amor para dar, amor de todas as formas; das que eu entendo e das que não entendo, também, porque, às vezes, me sinto confuso, por achar que não estou fazendo do maneira exata. Queria não sentir angústia, culpa, medo, frio. Queria ter as melhores vistas, os melhores presentes. Queria ter um jardim, algumas flores que fosse, queria uma flor. Queria um mundo só meu, onde tudo fosse do seu jeito, do meu jeito, seu jeito. Queria enxergar as pessoas na sua essência, no que têm de mais puro, no que têm de mais sujo. Queria saber de cor minhas músicas preferidas, um trecho de poesia lido em algum livro esquecido em cima da cama.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009


A preocupação na medida certa. Nem um pouquinho a mais nem um pouquinho a menos. A dose exata para uma vida saudável e sem extravagâncias. A preocupação com quem se ama; de quem se ama. Preocupações desnecessárias são perfeitamente dispensáveis. Não preciso de repreensões. Não preciso que me digam o que fazer, principalmente quando vem de alguém que não merece o meu respeito, no tocante a algumas coisas. Eu preciso me preocupar com o que fazer, com o que não fazer, com o que deixei de fazer e com o que não farei, com o que não conseguirei, com o que consegui, com o que aprendi, com o que esqueci, com o que lembrar, de quem lembrar, de ser lembrado. Preciso me preocupar em amar, em fazer, em abstrair um pouco. Preocupar-me em ligar, em escrever, em deixar um recado, em anotar meu nome numa folha de papel e colocá-lo no seu bolso todos os dias, pra que você não esqueça que estarei contigo a hora que for, quando for, para o que for, me preocuparei com você.

sábado, 24 de outubro de 2009


De todas as pecinhas, pequenas e graúdas, não tão pequenas e um pouco pesadas; das pecinhas que estimo, das que não tenho muito tempo para observar; das pecinhas que coloquei ali faz um tempo, e que não dedico muito do que tenho para apreciá-la, dar um polimento, lembrá-las de que ainda tem alguém que olha por elas; das pecinhas que eu não queria colocar ali, mas que se fizeram necessárias, e que agora não saem mais, nem sob uma tempestade de canivetes; das pecinhas que eu não sabia que existiam, mas que me dei conta e que agora tento doar um pouco mais de mim, para que se sintam queridas. De todas essas - e de muitas outras - pecinhas do meu mosaico de amores, você é a mais importante. É por você, e mais ninguém, que eu lembro que meu mosaico ainda existe, que é bom contemplá-lo um pouco, e que todas aquelas pecinhas me fazem um bem medonho, mesmo que não saibam, ou mesmo que eu, às vezes, não dê o real valor merecido por elas. Mas você me lembra, a cada dia que passa, que eu não posso deixar isso de lado. É você a primeira que me faz sentir amado, querido, estimado e necessário na vida de alguém. Saber de tudo isso me prende aqui com uma força sobrenatural, uma força que ainda não identifiquei, mas que tem me impedido de alguma(s) atitude(s). Não cobro muito pra que façam parte do meu mosaico. Aliás, não cobro nada, ele tem livre acesso para os que queiram se tornar pecinhas inestimáveis, de um mosaico que levarei comigo, aonde quer que esteja.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009


Um pedido engasgado, não conseguia, por mais que tentasse, fazê-lo ser ouvido. Isso o atormentava por dias e noites e madrugadas e dias a fio...Era uma sensação de extrema impotência e inutilidade, algo que nunca pensou experimentar. A percepção das pessoas para os seus distúrbios se tornava cada vez menos eficaz. O pior era não ser capaz de transmiti-los de forma clara. Pedia com o olhar e com ações, mas ninguém compreendia. Será que as pessoas já não tinham a mesma sensibilidade para desvendar pelos olhos de alguém um pedido de socorro? Ou será que nunca tiveram, e ele foi o único a acreditar que fosse capaz de reconhecer? A questão era, se deveria abrir o seu coração para as pessoas próximas, mas isso ele já tinha certeza que não faria, porque não tinha coragem suficiente nem para isso. Era covarde, um exímio covarde. Escondia-se por trás dos problemas e ficava satisfeito que ninguém soubesse por que estava assim. Ou não era satisfação, e sim medo? Medo de ser julgado e se sentir mais excluído de algo que ainda não alcançou? Enquanto isso, ficava satisfeito em ter com o que se ocupar. Ocupava-se de coisas que algumas pessoas diziam não levar a lugar algum: letras e canções.

terça-feira, 13 de outubro de 2009


Eu queria não acordar nunca e ter para sempre o seu sorriso confortante e suas mãos enlaçando as minhas, seus braços entre os meus e os teus sussurros ao pé do ouvido; o teu suor deixando marcado em mim o teu cheiro, o teu calor me esquentando, tuas pernas fazendo movimentos suaves, subindo e descendo entre as minhas; queria ter tudo isso ao meu alcance, sempre que precisasse. Mas não sei se a vida é injusta, ou se tem que ser assim, não os tenho. É furtada (talvez levada por algum tempo, apenas) uma parte da minha felicidade todas as vezes em que abstenho-me disso. E eu? Corro feito um louco a buscar a minha felicidade, para te trazer aqui para perto, te ter por momentos que eu esqueço de tudo ao meu redor, esqueço dos problemas, esqueço dos traumas, esqueço dos distúrbios que não escondo de você, mas que simplesmente somem quando te veem. Você é meu placebo. E tenho certeza disso todas as vezes que te encontro. Quero ter, para sempre, sua cabeça encostada no meu peito, e você a ouvir as batidas do meu coração que, com certeza, acompanharão a mais linda das músicas, só para você.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009


Não faz mais sentido. Por que continuar aqui? Só uma coisa, uma única coisa, o prende aqui. Coisa...não é exatamente isso. É alguém, isso, alguém. Mas não é qualquer pessoa. É o alguém. Mas, deixemos isso um pouco de lado, agora, porque só o que quer nesse momento é sua música triste e o seu quarto semi-escuro, semi-isolado. Não quer ver o contorno de nada, exceto do escuro que enche os seus olhos de uma falsa paz, uma paz que ainda não conseguiu alcançar. Algo que transcende à imaginação de quase todos que o cercam. Ninguém tem noção alguma do que se passa no interior do seu ser. É uma incógnita para ele mesmo. Indecifrável desde o primeiro tufo de ar que inspirou. Aceitável, para alguns. Insuportável, para outros. Impaciente e inseguro. Totalmente inocente. Tentava ser inocente. Mas era, única e exclusivamente, o culpado. Por ter deixado chegar àquela situação. Não conseguia, até agora, se perdoar. E não saberia se seria capaz de tal ato. Era extremamente complicada a sua situação. Não para alguém que visse todo o seu embaraço de fora, para alguém que tivesse uma visão objetiva, para alguém insensível o suficiente a ponto de não entender que clamava por ajuda. Suplicava pelo mínimo de compreensão daqueles que queria colocar a par de todo o seu mundinho particular e (quase) impenetrável. Mas ninguém entendia. Ninguém, exceto o alguém. Era por esse alguém que ia direcionar todas as suas forças restantes, a força remanescente da sua constante luta para se manter vivo até ali, a força que já se esvaía, saía pelos poros e, era como o suor, não podia impedi-la, não conseguia parar, até o momento que se abstraía de tudo e imergia no seu maravilhoso mundo, onde tudo acontecia de acordo com suas necessidades, e deixavam de acontecer, de acordo com o que sobrava dele.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009


Só queria entender de onde vem tudo isso. Por que não pode levar uma vida normal, rotineira, regrada e absolutamente real, igual à vida das outras pessoas. Pode ser porque não goste, ou talvez nem queira mesmo. Pode ser porque foi acostumado a viver assim, sempre se escondendo da realidade. Essa hipóteses podem ser descartadas, não lembra de ter sido educado (instruído, orientado, obrigado) assim. E se a solução não estiver aqui? E se sua realidade for onde realmente queira viver? Deveria buscar uma forma de fazer isso, certo? Não, errado. Seria injusto e maltrataria não só a ele. Tinha plena consciência disso, mas sua consciência não era normal, e não podia ser levado a sério. Acostumou-se a isso, até o dia que viu que não podia ser assim. Seu mundo não poderia se sobrepor ao maravilhoso mundo normal, ao mundo onde todas as pessoas levam uma vida na qual fazem as mesmas coisas todas os dias, por obrigação ou por gosto. Eram obrigadas a gostar do que faziam, ou simplesmente não fariam. No seu mundo era diferente, podia fazer o que gostasse, quando e como quisesse. Era dessa forma, e não pretendia que fosse diferente. Mas ia levando a vida, até quando pudesse...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009


"Me dá mais um". Era a frase repetida sempre que terminava de ingerir mais um comprimido. "Só mais esse, é o último, prometo". Mas não era o último. Nem na sua imaginação nem na mesinha de centro da sua, velha e conhecida, casa. Chamou alguém pra lhe acompanhar, não na sua loucura, apenas pra vigiá-lo, talvez nem vigiá-lo, porque os vigias não apenas observam, tentam impedir que algo de errado se concretize. Era uma testemunha ocular. Um amigo, uma parceira, sua mãe, alguém da família, apenas um conhecido. Queria apenas alguém que pudesse olhar e não falasse nada, nada. Não precisava de julgamentos e lições de moral naquele momento. Não queria ouvir uma palavra sequer de repreensão. Já ouvira várias durante sua curta temporada nesse lugar que nomeiam Terra. "Quarenta e cinco". Contava cada vez que engolia o próximo. Com uma cara de desaprovação e ao mesmo tempo de medo e pena, seu acompanhante andava de um lado para o outro. Estava impaciente. Não queria ser culpado por nada, mas estava olhando tudo, era cúmplice. "Sessenta e cinco. Acabou". Agora, na sua cabeça, imaginava tudo de forma bela, totalmente diferente do que uma pessoa normal faria (afinal, nunca fora e não era agora que pretendia ser alguém normal). Imaginou que, para cada comprimido que ingeriu, estivesse ingerindo, também, a cura para algum dos problemas que o afligiam. Meia hora. Uma hora. Duas horas. Ao término de exatamente seis horas, conseguiu levantar-se e contemplou a mesma sala e a mesma pessoa que lá estavam antes de cair no sono. Sentia-se melhor, pegou o casaco (fazia um frio incomum naquele dia) e jogou as chaves para o seu acompanhante.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009


Todas aquelas lembranças. Seu rosto. Seu sorriso e rosto inocentes. Aquela conhecida manha. A surpresa e a alegria. O último abraço e o adeus. Fechou o velho álbum de fotos, e, fechava-se ao mesmo tempo, para uma parte do passado que não queria mais reviver. Precisava de novos ares. Um novo fôlego. Sentia-se, ainda, preso a tudo aquilo. Jogou o álbum em cima da cama, pegou um outro e...não teve coragem para abrir. Era um disparo muito forte. Não aguentaria mais um bombardeio de lembranças. Recolheu as mãos e levou ao rosto o lenço. Ainda tinha seu cheiro, seu gosto, seu rosto, a marca do seu beijo. Encostou o lenço na face e sentiu tudo de novo. Da primeira troca de olhares à última palavra escrita. Agora já não conseguia mais lembrar de nada. Afastou o lenço do rosto e o guardou na caixinha feita à mão, um presente carregado de sentimentalismo. Juntou todas as fotos, as cartas e as lembranças; juntou, também, todas as palavras, as trocas de olhares; conseguiu juntar o silêncio, carregado de signifcado; juntou seus movimentos, suaves como os de uma bailarina; guardou seu beijo, a última recordação. Colocou tudo sobre o peito umedecido e fechou os olhos. Dois filetes de lágrimas deslizaram do seu rosto e lavaram tudo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009


Você é daquelas pessoas que é colocada na nossa vida por acaso. Meio sem querer. Sem aviso. Você tem o dom de nos deixar sempre alegre, mesmo nos momentos que não queremos. Sim, sabe aqueles momentos que a gente não quer, de jeito nenhum, ficar alegre? Aqueles momentos que só conseguimos ouvir, ler, pensar, fazer, escrever coisas tristes? A gente te procura pra desabafar e não tem como não sair da conversa melancólico. Eu não entendo por que sempre existe a distância pra nos separar das pessoas que amamos. Não entendo mesmo. Já disseram que é o destino, que é a vida. Eu diria que é uma provação. A gente só dá valor quando "perde", quando não tem mais por perto, quando procuramos seu sorriso e não vemos mais. Aprendemos a amar a distância, e comprovamos esse amor com um abraço, com um abraço de verdade, com sorrisos, com brincadeiras e conversas intermináveis. São momentos que ficam guardados na nossa memória e, por mais que o tempo passe, por mais que tudo mude, por mais distantes que fiquemos, por mais diferente que seja os nossos caminhos, não se apagam nunca. Nem mesmo com a mais forte falta de memória. Esses pensamentos ficam ali, como que guardados por um cofre em que só conseguimos depositar os bons momentos e não conseguimos tirá-los de lá. Você me deu alguns dos melhores momentos da minha vida. Me fizeste perceber o que é uma amizade, na forma mais original, mais simples, mais linda. Tenha a certeza que aqui você tem um amigo, não importa quando, onde ou o que você precise, aqui você terá sempre um amigo. Ainda daremos várias risadas, ainda passaremos horas jogando conversa fora e, também, conversando e desabafando, brincando, se distraindo e tornando mais leve o fardo da vida.

Obgrigado por tudo.

domingo, 30 de agosto de 2009


"Bom dia, Flor do dia!". Acordou a ela com beijos suaves, mexia no seu cabelo e aninhava-se seu corpo ao dela. Trazia consigo um buquê de lírios e uma bandeja com um pequeno banquete. Entre os suaves beijos com os quais a acordava, cantava baixinho "Vivia a te buscar...". Ela acordou. Retibuiu-lhe o sorriso, puxou-lhe os braços e os colocou ao redor do corpo, queria calor. Pegou os lírios, sentiu o gosto delicioso das flores. Beijou-lhe a mão. Entre um beijo e uma carícia, podia escutar àquela voz tranquila e inconfundível que dizia - e ela repetia - "...E ajeitava o meu caminho pra encostar no teu". Foi interrompida por algo que entendeu por um "Eu te amo!". Ficou vermelha e pôs a metade de um morango na boca, oferecendo a outra metade (sua boca) a ele. Sussurros quase inaudíveis invadiam-na. O barulho aumentava. Ficava insuportável. O despertador tocou.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009


Perguntaram se estou feliz. Não deu pra responder, hesitando, gaguejei ''sim''. Tenho certeza da felicidade, as fases são incertas, imprevisíveis. Por quê não fui firme ao afirmar isso, não sei. Não sei de várias coisas, não sei de nada. Fico eternamente em busca das respostas. Talvez não esteja procurando da forma correta, ou no lugar ideal. Os pensamentos me traem, pegam desprevinido e indefeso. É como um turbilhão. Mas tem intesidade duplicada, triplicada, quadruplicada. Tentar expressá-los em palavras é a única forma que acalma e alivia. Não importa a beleza. Isso apenas deixa melhor.

colaboração: Thaís Pimentel

quarta-feira, 26 de agosto de 2009



Abstenho-me de todos os meus medos
Entrego-me com paixão
Porque sou um louco
Sinônimo de
Apaixonado

Apaixonado, porque
Tenho a companhia
D'Aquela
Pessoa que faz minhas pernas tremerem
Faz meu coração acelerar

Abstenho-me
De você
E tudo muda
Tudo fica
Estranho
Diferente

Saudade,
Dela eu quero distância
Mas não quero
Distância
Motivo de saudade



segunda-feira, 24 de agosto de 2009


Quando era criança ele cansou de ver lágrimas correndo pelo rosto de pessoas as quais ele achava que não choravam. Não deveriam chorar. Não, porque eram pessoas de riso fácil, de brincadeiras intermináveis, de alegria contagiante. Ele desejava ser a solução das lágrimas e dos soluços de todas elas. Queria que o seu abraço, o seu sorriso e o seu beijo pudesse curar todas as feridas e acabar com aquilo. Mas o tempo o fez ver que não era tão simples assim. A realidade se mostrou de forma simples (indesejada) e prática (dolorida), e fugir dela - ele sabia - não melhoraria nada. Sob o seu lençol ele desejava que os teus beijos, os teus sorrisos e os teus abraços o aliviassem. Por que chorava?

sábado, 22 de agosto de 2009


Naquela manhã cinzenta e pouco convidativa, ele fez tudo o que precisava. Todas as atividades normais, como se fosse um dia normal. Mas uma coisa continuava no seu pensamento. Não, várias coisas continuavam no seu pensamento. Aliás, ele não parava de pensar um só minuto, um momento de relaxamento sequer. Não conseguia deixar de pensar no seu amor que estava longe, consequentemente, pensava na saudade e na distância. Não parava de pensar nas provas e testes (de todos os gêneros possíveis) que iria ter de enfrentar em pouco tempo. Também pensava na sua saúde (que não era das melhores, e que tinha de ser mantida com ajuda de alguns placebos - ou não). Pensava nos seus amigos. Pensava na sua família. Sua família de amigos e seus amigos-família. Em pouco tempo, iria estar com muitos deles, confundindo-se uns aos outros. Mas ele pensava no seu amor.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009


Me acalma
Me conforta
Me anima
Me completa

Te alegro
Te admiro
Te escolho
Te carrego

Amemo-nos
Sejamos felizes
Dispensemos o dispensável
Acolhamos o necessário

Que hoje
Seja o amanhã
E
O ontem
Seja o hoje

Sejamos felizes



terça-feira, 18 de agosto de 2009


Todos os dias, antes mesmo de acordar, é involutariamente acordado pelo frio que o faz se encolher na cama tal qual um caracol. É tudo mecânico. Levantar, fazer parar o frio e voltar ao que lhe resta de noite de sono. Não quer ouvir o barulho do despertador daqui a uma (algumas) horas, mas tem preguiça de saber que horas o relógio marca. Talvez porque não consiga enxergar o horário que quiser, ou porque isso pode atrapalhar ainda mais sua noite mal dormida. Preguiça. Sono. Preguiça. Preguiça. Amanheceu e todos já estão prontos pra sair. Arruma daqui, come dali, gritaria, correria e, VAPT! Todos se foram. Rodeia a casa (talvez pra despertar), olha o céu (que hoje está de um azul de colocar sorriso em qualquer um). Olha em todos os cômodos pra se certificar de que está sozinho em casa. Não queria isso. Queria poder acordar e olhar para alguém e dizer "Bom dia! Obrigado por fazer parte do meu dia!". Não, também não queria isso. Todos os dias levanta com um mal humor tenebroso. Questão de minutos. É o tempo de perceber quão sortudo é. É o tempo de dar "Bom dia" junto com a música. Um dia vai entregar as flores pra alguém. Vai dizer, no raiar do dia, a importância dela na sua vida, e vai acordá-la com beijos e carinhos intermináveis, com chamegos. Porque foi assim que ele sonhou. Porque os sonhos já se misturam e ele acorda dizendo "Te amo". Faz o frio parar e volta a dormir.

domingo, 16 de agosto de 2009


De alegria à tristeza eu vou de um pulo. Não, de um passo. Não, eu vou. Eu vou e não levo ninguém. Pelo menos não tenho a intenção de fazer isso. Quem vem comigo, deduzo que sejam as pessoas que realmente se importam comigo. E, se estão comigo na tristeza, com certeza querem sair dela, consequentemente, me levando junto, porque o sentimento em relação à essas pessoas é mais do que recíproco. Posso causar medo, assustar, parecer estranho, o escambal, mas é o meu jeito. Eu não pedi pra ser assim, não culpo ninguém por ser assim. Eu tento mudar. Tento mudar. Eu vou mudar. Mas, como todo ser humano clichê, aprendo com os meus erros. Aprendo com tudo que dá errado e tudo que dá certo, porque já dizia...enfim, já dizia em algum canto "de tudo na vida dá pra tirar algo de bom". Se, de tudo na vida dá pra tirar algo de bom, todos os dias minha vida se enche de coisas boas. Por que reclamar? Por que se encher de tristeza e mágoa e tudo o que é ruim, se eu sempre estou coisas boas na vida? Da tristeza à alegria eu vou mais rápido do que o pensamento, e te carrego junto. E dela não quero me perder.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009


Tempo
passa
tempo
e eu aqui no mesmo lugar
com os mesmos pensamentos
talvez
esperando as mesmas coisas
talvez
isso seja o que eu queira
ou
o que eu não queira querer
é, é isso
eu quero não querer isso
quero tudo diferente
ou
tudo que eu quero é diferente?


Acordou com uma vontade louca de gritar para o mundo a sua raiva. Levantou e decidiu que aquele não era o momento não era o momento ideal. Gritar! Se olhou no velho espelho, ou era velho o refletido? Já não importava. Correu para debaixo do chuveiro porque a noite passada suara muito, mais que o normal. Abriu o chuveiro e, já ia se meter sob a água, lembrou de pôr alguma música para tocar enquanto tomava banho. Saiu do banheiro descalço e enrolado na sua velha toalha com aparência de nova. Colocou a música e voltou cantarolando alguma coisa ininteligível - ninguém mais precisava entender o que ele cantava, isso o fazia se sentir melhor. Tomou banho, cantou, escovou os dentes, gritou (porque chegara a parte da música na qual o cantor gritava), se arrumou, balbuciou alguma coisa para a avó, algo do tipo "tá bom", que não entendeu devido à sua audição já não ser das melhores (o volume do som já tava no máximo). Tomou o café da manhã e, ia saindo, quando o telefone tocou. "Alô?". Ninguém na linha. "Deve ser engano", pensou, pondo o telefone no gancho. Dirigiu-se à porta e destrancou-a - destravou, também, alguns dos ferrolhos (a avó tinha mania de segurança). Saiu, e ouviu o telefone tocar novamente. Pensou em voltar, mas olhou no relógio e viu que o tempo já não era aliado. A avó atendeu ao telefone. "Alô?! Alô?! Alô?!". Ninguém na linha...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009


-Vem...
-Pra onde?
-Vem, não faz perguntas.
-É bom?
-Já falei pra vir e não fazer perguntas.

(o tempo passa...)

-Demora?
-Não, já estamos fazendo.
-O quê?
-Tentando ser felizes...

terça-feira, 11 de agosto de 2009


E, se com meus amigos eu me distraio e dou gargalhadas, o que tô fazendo me distanciando deles? Se meus amigos me fazem tão bem, por que não consigo querer, no momento, que eles fiquem perto de mim? Se eles tem tanta confiança em mim, por que não consigo depositar tamanha confiança neles?
Minha vida é uma interrogação, mas eu preciso esticar esse pontinho e transformá-lo em alegria, em gargalhadas. Sim, gargalhadas, porque com amigos não tem graça um risinho de canto de boca, um sorrisinho murcho. Gargalhadas, gargalhadas, gargalhadas!
Sou um completo dependente deles, sou viciado nos meus amigos. E nesse período de abstinência, me aparecem os sintomas: desânimo, tristeza, melancolia...
Tento demonstrar força. Mas por dentro dessa carapaça aparentemente intransponível existe um coração mole, maleável, amoroso, carinhoso. Um coração que já foi machucado das mais diversas formas, e que agora sofre os seus traumas de infância. Na fase adulta sente vontade de chorar tudo aquilo que não foi possível. Sinto-me como um castelo de cartas. Frágil. Mexeu, desmorona tudo. Desmorona em formas de lágrimas, indelicadezas, ignorâncias. Mas o castelo se fortalece. Meus amigos são o alicerce. Amigos são o alicerce. Amigos são amigos.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009


Telefone, mensagens, música, telefone, livros. Saudade. Quanto mais tento não pensar nisso, mais forte esse sentimento se torna. Tentar evitar é praticamente impossível, é uma tarefa que já tô desistindo de realizar. Telefone. Dentre todos esses problemas, nossos momentos surgem como lampejos de felicidade na minha cabeça; e eu tento agarrá-los, mas eles se vão. Telefone. Sorrio, mas logo ele se vai e voltam os problemas cotidianos. Saudade. Luto, incessantemente, contra todas as dificuldades, já penso em me entregar. Voltam os pensamentos sobre você. Volta o sorriso. Vão-se os pensamentos, fica o sorriso. Saudade...