sexta-feira, 4 de setembro de 2009


Todas aquelas lembranças. Seu rosto. Seu sorriso e rosto inocentes. Aquela conhecida manha. A surpresa e a alegria. O último abraço e o adeus. Fechou o velho álbum de fotos, e, fechava-se ao mesmo tempo, para uma parte do passado que não queria mais reviver. Precisava de novos ares. Um novo fôlego. Sentia-se, ainda, preso a tudo aquilo. Jogou o álbum em cima da cama, pegou um outro e...não teve coragem para abrir. Era um disparo muito forte. Não aguentaria mais um bombardeio de lembranças. Recolheu as mãos e levou ao rosto o lenço. Ainda tinha seu cheiro, seu gosto, seu rosto, a marca do seu beijo. Encostou o lenço na face e sentiu tudo de novo. Da primeira troca de olhares à última palavra escrita. Agora já não conseguia mais lembrar de nada. Afastou o lenço do rosto e o guardou na caixinha feita à mão, um presente carregado de sentimentalismo. Juntou todas as fotos, as cartas e as lembranças; juntou, também, todas as palavras, as trocas de olhares; conseguiu juntar o silêncio, carregado de signifcado; juntou seus movimentos, suaves como os de uma bailarina; guardou seu beijo, a última recordação. Colocou tudo sobre o peito umedecido e fechou os olhos. Dois filetes de lágrimas deslizaram do seu rosto e lavaram tudo.

Um comentário:

  1. "juntou, também, todas as palavras" ... "conseguiu juntar o silêncio"... "juntou seus movimentos"

    - O disparo foi forte, mas certamente a força reunida pra jutar isso e compactar a si foi bem maior. Porque eu ainda me surpreendo lendo teus textos? Talvez seja pelo fato de que a surpresa que teus escritos me proporcionam deixem-nos mais fortes e ainda mais ilusionistas, esta é a triste arte da qual não consigo me devencilhar.

    Abraços, Grande Yuri.

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